Tendência: edifícios residenciais com adega

Os vinhos são um símbolo universal de confraternização e receptividade. Uma das bebidas mais antigas e tradicionais do mundo, produzida e consumida nos mais diversos países, o vinho vem conquistando cada vez mais admiradores. Acompanhando esta tendência, alguns empreendedores no mercado imobiliário da Grande BH, como as construtoras Patrimar e Somattos enxergaram a oportunidade de oferecer um espaço apropriado para o armazenamento desta preciosa bebida em seus novos empreendimentos.

Edifícios premiados com o Master Imobiliário, como o ‘L’Essence’ e ‘Apogée’, integrantes do elegante ‘La Reserve’, bem como o mais recente ‘Le Sommet’ são torres residenciais de alto luxo projetadas pela Dávila Arquitetura para estes empreendedores e que se encaixam neste portfolio que valoriza o vinho.

A proposta, explica Cadu Rocha, arquiteto e diretor da Dávila, é oferecer espaços climatizados para o armazenamento da coleção de vinhos de cada morador. Na prática, um ambiente charmoso e tecnicamente preparado para se configurar como uma moderna adega é posicionado em ponto de fácil acesso aos moradores do condomínio. Nesta adega, cuidadosamente prevista no projeto inicial do edifício, cada morador tem um espaço próprio para guardar suas preciosas bebidas, garantindo sua preservação e integridade ao longo do tempo.

“Ao mesmo tempo em que libera espaço da unidade tipo, o armazenamento concentrado na adega do condomínio garante a individualidade de cada morador, com o benefício da estrutura de climatização e conservação ser compartilhada. Por outro lado, o espaço também pode funcionar como um ponto de encontro, onde os apreciadores do vinho ocasionalmente se encontram, compartilhando gostos, experiências e trocando sugestões.”, complementa Cadu Rocha. Este tipo de iniciativa, afirma o arquiteto da Dávila, demonstra como a arquitetura evoluiu constantemente, acompanhando as mudanças no mercado, concluindo que “A mudança de hábitos, que inclusive vão se tornando mais exclusivos e sofisticados, é uma realidade percebida pelos empreendedores, com os quais dialogamos constantemente buscando adequar nossas soluções ao que as pessoas realmente procuram”.

‘LA RESERVE’ RECEBE O PRÊMIO MASTER IMOBILIÁRIO

Pela décima vez, um projeto da Dávila recebe o prêmio máximo do mercado imobiliário brasileiro. Com arquitetura assinada pela Dávila para a Patrimar/Somattos, as torres L’Essence e Apogée – integrantes do complexo ‘La Reserve’ – acabam de ser agraciadas em São Paulo com o Prêmio Master Imobiliário. Destacado na categoria ‘Empreendimento Residencial’, o complexo localizado em Nova Lima (MG), nos limites de Belo Horizonte, é um dos mais luxuosos da região da capital mineira e do país, chegando a redefinir o conceito de altíssimo padrão. Na mesma vizinhança, outros projetos da Dávila como o Gran Lider Olympus e o Concordia Corporate também já receberam o Master Imobiliário, consolidando e confirmando a expertise da Dávila em projetos para o mercado.

O Arq. Alberto Dávila, fundador e presidente do escritório, ressalta que ‘este prêmio é conhecido por destacar empreendimentos que sejam tanto um sucesso comercial quanto tragam diferenciais que o tornem único no mercado imobiliário. Não há dúvida que este sucesso resulta e só é possível a partir de um esforço conjunto entre empreendedores, projetistas e comercializadores.’ No entanto, acrescenta Alberto, cabe a um conceito cuidadoso e inovador, o papel preponderante na caracterização de um empreendimento de destaque como o La Reserve, complementando que “a relevância da arquitetura da Dávila, novamente premiada pelo segmento imobiliário, reafirma a ampla conexão de nosso escritório com as demandas dos empreendedores e dos adquirentes”.

As duas torres projetadas pela Dávila para o La Reserve – L’Essence e Apogée – definem o caráter único do empreendimento, que se destaca na paisagem ondulada das montanhas ao sul da capital mineira. Um dos diferenciais das torres, cada uma com 30 pavimentos e 3 subslos, são justamente as vistas espetaculares do entorno que oferecem a moradores e visitantes. Explorando esta relação especial com o horizonte, a arquitetura da Dávila previu generosas vidraças panorâmicas no sistema ‘Sky Window’, em muitos trechos protegidas por brises horizontais os quais se contrapõem à imponente verticalidade das torres e lhes conferindo ritmo.

Com traços sóbrios e elegantes cuidadosamente estudados pela Dávila, conforme explica o Arq. Afonso Walace, o design das torres faz referência ao modernismo brasileiro, ao mesmo tempo incorporando características contemporâneas e futuristas. Segundo o arquiteto, desta forma o projeto do L’Essence e Apogée é capaz de aliar o melhor da arquitetura universal de todos os tempos a uma proposta de sofisticação que deve se manter atual através dos anos.

As 24 espaçosas unidades residenciais em cada torre têm área entre 478 e 671m², 4 ou 5 suítes, além de Suíte Master com 2 closets e dois banhos. O pé-direito exclusivo, com quase 4 metros garante uma proporção perfeita entre o espaço horizontal e vertical das unidades, configurando mansões suspensas a uma completíssima estrutura de lazer e bem-estar. “O La Reserve, com nossas torres L’Essence a Apogée é o tipo de projeto que coroa uma trajetória.” afirma Alberto Dávila. “No nosso caso, simboliza a reunião de toda nossa experiência e tradição a uma incansável busca pela inovação. Uma conexão bem lapidada entre o aprendizado e o arrojo resulta em empreendimentos especiais e premiados como esse”, complementa Dávila.

Site do empreendimento: http://lareserve.com.br/lessence

Site do empreendimento: http://lareserve.com.br/apogee

Encontrando um lote e construindo sua casa: do sonho à realidade.

O contexto social e econômico que vivemos reviveu o sonho de muitas famílias em adquirir um lote para construir nele a residência dos sonhos. Uma suposta maior liberdade no estilo de vida, na própria arquitetura da residência, mais bem adaptada aos futuros moradores e a possibilidade de um contato pessoal com o ar livre e o ambiente têm sido alguns dos fatores motivadores. Se por um lado este movimento fortalece e estimula o desenvolvimento dos empreendimentos urbanísticos, por outro pode trazer muitas dúvidas àqueles que fazem a opção por adquirir um lote. Nesta entrevista, o Arquiteto Alberto Dávila responde a algumas dúvidas comuns àqueles que estão à procura de lotes para aquisição, inclusive sugerindo que um arquiteto e urbanista seja contratado para assessorar o processo de compra.

 

O que levar em conta na hora de comprar um lote?
A primeira coisa a ser considerada são as dimensões e o formato do terreno. O adquirente deve analisar se é realmente possível construir o projeto de seus sonhos naquele lote, incluindo diversos requisitos. Em termos ambientais, a declividade do terreno deve ser verificada, uma vez que terrenos com declividade acentuada são de mais difícil aproveitamento e construção mais onerosa, além de potenciais riscos de deslizamentos. A qualidade do solo também deve ser verificada: trata-se de um terreno com aterro ou desaterro? O terreno é alagadiço? Como é a insolação – que afetará o posicionamento dos ambientes e de uma piscina, por exemplo – e a ventilação local, com a percepção dos ventos dominantes? Todos estes itens e outros podem afetar a qualidade do imóvel que será construído e os custos de construção. Também é indispensável analisar a legislação local em relação ao potencial construtivo do lote, bem como dos lotes vizinhos. Se nas áreas adjacentes forem admitidas construções de maior porte, sua futura residência poderá ser devassada visualmente ou ter seus condicionantes ambientais afetados e até prejudicados, em relação à ventilação, trânsito local, ruídos, etc.

 

Em se tratando da aquisição de terrenos em bairros ou loteamentos novos, existem cuidados específicos?
Deve-se conferir se a infraestrutura prevista é suficiente para a expectativa de ocupação e população do bairro ou loteamento. Os acessos viários merecem um cuidado especial, pois devem existir previamente à construção do loteamento, chegando até a sua entrada. Neste caso, é recomendável não confiar em promessas de governos ou dos próprios vendedores. Também é importante que a infraestrutura básica seja toda entregue pelo incorporador juntamente com o lote, incluindo água, esgoto, energia, asfalto e até mesmo calçadas.

É bom verificar se nas proximidades já existe uma infraestrutura de comércio e serviços de conveniência, além de serviços de saúde, educação e lazer. A existência de áreas verdes, principalmente de uso coletivo são importantes por contribuírem para um microclima favorável ao lote, com a absorção do ruído urbano, enquanto oferecem ar puro e conforto visual. Ao mesmo tempo, é desejável que o lote adquirido não fique próximo a equipamentos que possam gerar um movimento excessivo, incômodos e ruídos.

Enfim, é conveniente considerar a localização do lote em relação a centros urbanos, levando em conta o potencial de valorização no futuro, sendo que a disponibilidade e a qualidade de sistemas de transporte urbano costumam valorizar o empreendimento.

Uma sugestão útil é contratar um arquiteto e urbanista para apoio antes mesmo da aquisição de um lote. Este profissional poderá avaliar a qualidade do projeto urbanístico, prevendo futuros problemas no loteamento ou no lote específico que está em consideração. O arquiteto e urbanista poderá explorar os pontos negativos e positivos de cada lote em análise, verificando riscos e também o potencial que cada lote tem para se desenvolver uma arquitetura adequada às necessidades do adquirente.

 

Quais cuidados devem ser adotados em relação a documentação do loteamento?
Deve ser confirmado o registro cartorial do empreendimento onde está o lote, verificando por exemplo, a existência de hipotecas ou dívidas relacionadas ao terreno. É bom também analisar a idoneidade dos empreendedores, pesquisando e até mesmo visitando outros empreendimentos por eles realizados, inclusive para conferir a qualidade da execução de obras semelhantes. Para quem puder pagar, é interessante recorrer a escritórios de advocacia antes da aquisição do terreno. Estes profissionais podem prestar assessoria jurídica na verificação dos documentos e registros relacionados ao imóvel.

 

Como deve ser o planejamento do projeto para o lote adquirido?
Imagina-se que quem adquire um lote tem intenção de construir uma casa, provavelmente a residência para sua família. Então a pessoa deve analisar seu próprio estilo de vida, procurando definir quais objetivos pretende alcançar com o novo imóvel, incluindo seu planejamento familiar para o médio e longo prazos. Isto porque aquilo que pode lhe parecer bom e adequado no presente, pode ser avaliado de outra maneira no futuro, quando o indivíduo e sua família evoluírem.

Embora seja conveniente que o imóvel seja customizado, desenhado e projetado bem de acordo com o estilo da família, deve ser levado em conta que se trata de um investimento imobiliário que estará sujeito às necessidades do mercado imobiliário. Isto considerado, é aconselhável que se evite exageros e fantasias arquitetônicas, bem como uma personalização excessiva na planta, na fachada e na volumetria. Quando se cria um imóvel extremamente diferenciado em relação ao que é comumente encontrado no mercado, isto pode ser um fator positivo, é claro, mas também pode desvalorizar o imóvel ou dificultar sua venda em caso de necessidade.

 

Seria mais econômico começar a construção ‘do zero’, ao invés de reformar um imóvel existente?
Em relação às casas, eu diria que sim, é mais econômico começar do zero. Há, é claro, uma questão importante a ser considerada, que é a da sustentabilidade. Quando aproveitamos construções existentes, pode haver uma economia de materiais e energia e, portanto, uma economia de recursos do planeta. Esta economia não é automática, depende do projeto e da extensão da intervenção no imóvel existente. No entanto, não raro as reformas ficam mais caras do que a construção de uma nova edificação e ainda sob o risco de não se alcançar o resultado desejado. Por outro lado, construindo uma nova edificação, do ‘zero’, desenvolve-se um programa e uma estética arquitetônica mais identificados com as necessidades e expectativas do proprietário e mais afinadas com os estilos de vida contemporâneos.

O que ocorre é que, especialmente em imóveis mais antigos, digamos, com mais de 20 ou 25 anos de construção, pode ser interessante demoli-los ao invés de reformá-los. Nestes casos, o custo da reforma pode ser superior ao de uma nova construção e o resultado pode ser uma edificação que ainda manterá muitos vícios ou defeitos indesejados. Na prática, há casos de reformas e retrofits em edifícios mais antigos que ficam mais caros do que uma nova construção, inclusive demandando um maior gasto de matéria. Nestas situações, a opção pela reforma não é de ordem econômica, mas de outras esferas, envolvendo inclusive questões sentimentais.

 

Há realmente vantagens em se adquirir um lote vazio?
Claro que sim, desde que sejam tomados estes cuidados que mencionamos, dentre outros. Para começar, é um investimento. Comparando com um apartamento ou casa pronta, tem a vantagem de envolver um aporte de recursos bem menor. O adquirente não precisa construir imediatamente e este investimento cabe no bolso de muitas famílias. Além disso, a construção pode ser feita por etapas, também fazendo o investimento se encaixar na capacidade financeira da família.

Na prática, pelo menos no Brasil, não é comum vermos um lote se desvalorizar, embora certamente haja lotes que se valorizam bem mais que os outros. Olhando pelo ponto de vista do investidor, é possível que existam investimentos financeiros que ocasionalmente possam ser mais vantajosos, embora também envolvendo riscos maiores.

Outra vantagem significativa é que o imóvel construído no novo lote poderá ser desenvolvido sob medida, de acordo com o gosto de quem está construindo. Há uma certa liberdade para se moldar a edificação às necessidades de quem constrói. No entanto, observamos que no mercado imobiliário há hoje um importante movimento que garante aos adquirentes de novos apartamentos um significativo grau de personalização. Então, se são vários os fatores que envolvem a opção pela compra de um lote e a construção de uma residência nele, incluindo o estilo de vida e os sonhos dos compradores, além dos recursos disponíveis, não há como negar que se trata de um bom investimento.

Uma arquitetura residencial pós-pan (parte 9 de 9)

Hoje concluímos, aqui no Davilabs, nossa proposta para o desenvolvimento de uma arquitetura residencial ‘pós-pandemia’. Após apresentarmos algumas diretrizes básicas a serem contempladas pelos projetos, como: “Saúde & Bem-estar”, “Higiene” e “Trabalho (em casa)”, introduzimos um protótipo de apartamento por nós desenvolvido com base nestas premissas. No protótipo, definimos três espaços principais que ilustram como o acompanhamento destas orientações aconteceria na prática, a começar pelo Multihall, um espaço de articulação de chegada e saída e de higiene. O segundo ambiente sobre o qual discorremos foi a ‘Sala de Bem-estar’, um espaço que se torna o núcleo da nova residência e local onde todo mundo vai querer estar. O terceiro e último ambiente é o espaço que apresentaremos hoje, um modelo revisitado de escritório, dentro do ambiente doméstico e que denominamos como “Escridorme”.

Versatilidade e conforto no trabalho

Até alguns anos atrás, os escritórios eram um espaço quase obrigatório em residências de altíssimo padrão. Muitas vezes tinha uma função apenas cosmética e de status, mas seu posicionamento conectado à área social da residência, era uma opção inteligente. No contexto pós-pandemia, ou mesmo à parte dele, com a natural evolução do trabalho remoto, os escritórios voltam a ter grande relevância para variados estratos sociais e residências de qualquer porte. Se com a integração dos espaços domésticos os escritórios foram se dissolvendo e se mesclando com a área de estar, ou até mesmo se transformando em uma simples mesa de trabalho nos dormitórios, hoje já se percebe que, em nome da privacidade e da concentração, um ambiente exclusivo e dedicado ao trabalho é muito importante para o contexto doméstico de uma residência do século XXI.

Uma vez que a demanda por espaço para o trabalho na residência tende a ser comum aos apartamentos a partir de uma certa área, nossa aposta foi em um espaço versátil, que pudesse ser apropriado de forma customizada pelos moradores. Surge então nossa proposta do ‘Escridorme’, um espaço misto entre escritório e dormitório.

Na prática, o Escridorme é uma ‘suíte avançada’ da residência, posicionada ao lado da entrada (conveniente na eventualidade da recepção de clientes e colegas de trabalho) cujo banho é compartilhado com o Multihall, através de uma segunda porta. Desta maneira, moradores e visitantes podem utilizar este banho como lavabo opcional (adicional ao que está embutido no Multihall) ou podem tomar banho antes de adentrarem efetivamente na residência.

O Escridorme também adere ao conceito urban jungle, enquanto se conecta à varanda e faceia a Sala de Bem-estar: se o morador preferir, pode optar por eliminar uma parede e ampliar a sala, caso julgue conveniente integrar o escritório àquele ambiente. Outra vantagem do Escridorme é poder funcionar plenamente como uma suíte, com o diferencial de oferecer um acesso independente ao restante do apartamento. Esta opção é conveniente para adolescentes e jovens ou, ainda, residentes seniores que desejem privacidade e individualidade, inclusive com acesso rápido à área de serviço e cozinha.

Conclusão

É com este simpático espaço resgatado do passado e repaginado para a realidade contemporânea, que encerramos esta nossa série no Davilabs, dedicada a explorar possibilidades para a arquitetura residencial, sob a provocação do ambiente pandêmico.

Nossa intenção foi produzir um pouco de alívio neste contexto triste e conturbado, oferecendo uma visão otimista de como a criatividade pode nos fortalecer diante das adversidades e para explorar possibilidades. Em momentos como este, crescemos e aprendemos muito e, por esta razão, nosso desejo foi o de compartilhar com você um pouco daquilo que estamos elaborando para o futuro.

Em toda caminhada, o aprendizado é muito importante. As lições que aprendemos ao longo de um processo muitas vezes nos trazem frutos ainda mais prolíficos que a contemplação de seus objetivos mais imediatos. Por isso desejamos-lhe uma excelente caminhada na direção de um futuro melhor, com saúde e realizações. Conte sempre com a nossa companhia para projetar este novo futuro.

Uma arquitetura residencial pós-pan (parte 8 de 9)

Estar em casa: acima de tudo, um prazer.

Nesta sequência de publicações no Davilabs em que exploramos conceitos para as residências a partir do aprendizado com a pandemia, o segundo espaço que propomos experimentalmente é a ‘Sala de Bem-estar’. Se este ambiente atende pelo menos uma das premissas que apresentamos inicialmente, a da ‘Saúde e Bem-Estar’, a depender do estilo de vida dos moradores, também pode contemplar a premissa do ‘Trabalho (em casa)’.

O conceito de bem-estar já vinha sendo desenvolvido de maneira mais enfática em espaços corporativos e agora ganha força na esfera residencial. Sem deixar de lado a beleza e o impacto visual, prescinde-se aqui da ostentação em benefício do real conforto daqueles que utilizarão a sala constantemente, ou seja, os próprios moradores. Assim, a antiga Sala de Estar passa a ser denominada ‘Sala de Bem-estar’.

Voltado ao entretenimento e a uma permanência agradável aos moradores, este espaço social não depende das visitas para se justificar. Pelo contrário, é utilizado intensamente pelos moradores em seu cotidiano e é palco para as principais interações humanas e familiares. Isto inclui o lazer e o entretenimento, ou mesmo o puro ócio, além das refeições, uma vez que o ambiente se integra diretamente à sala de jantar e copa. O trabalho em casa também é possível na ‘Sala de Bem-estar’, para as pessoas que se sentem mais produtivas quando recebem estímulos simultâneos e variados e que se sentem mais confortáveis em espaços mais amplos.

A opção é por ambientes abertos, fluidos e integrados. No entanto, segundo a opção do morador e recorrendo a soluções da arquitetura de interiores, é possível definir espaços um pouco mais reservados, marcando de forma mais intensa os usos diferenciados (estar; lazer; entretenimento; socialização; alimentação; contemplação do verde; trabalho em casa; etc).

Um dos pontos essenciais para a promoção de uma permanência agradável em casa é a farta iluminação e ventilação naturais, além do recurso ao ‘verde’. Por isso, a Sala de Bem-Estar conecta-se intensamente à varanda. A partir dali, do ambiente ‘externo’, as plantas avançam para o espaço interno da residência e a ocupam. Este movimento de radicalização do verde no interior das habitações é denominado urban jungle. Seu propósito é humanizar e ‘acalmar’ os residentes, além de promover sua saúde física e mental. Uma boa pedida para alcançar este objetivo é pensar na instalação das plantas em camadas: verticais, horizontais, dentro e fora e em múltiplos planos, de maneira que a presença do verde entre os ambientes se torna mais intensa, natural e fluida.

Em nosso próximo e último texto no Davilabs sobre nossa proposta para residências ‘pós-pan’, apresentaremos de forma mais detalhada o ‘Escridorme’, um misto de escritório e dormitório. Até lá!

Uma arquitetura residencial pós-pan (parte 7 de 9)

Em nossa última postagem, apresentamos uma visão geral dos espaços que imaginamos dentro dos conceitos que apresentamos anteriormente no Davilabs como diretrizes para o projeto de uma residência ‘pós-pandemia’. Hoje, focaremos em um espaço de transição e organização de fluxos, que denominamos de Multihall.

 

 

Zona de Descompressão

Uma das medidas mais importantes na evolução de uma residência para este início do século XXI é o resgate do antigo vestíbulo e do toucador, em um contexto reformulado e aprimorado. Um dos papéis mais importantes deste espaço de transição, ou Multihall , é o de funcionar como uma ‘zona de descompressão’, como uma interface entre o mundo exterior e o interior da residência, incluindo aspectos simbólicos e funcionais. Na prática, a principal função deste hall, à parte da articulação dos fluxos de entrada e saída da residência é, principalmente, viabilizar os intensificados hábitos de desinfecção e higiene adquiridos ao longo da pandemia. Portas deslizantes ocultam um nicho decorativo e ora revelam uma Estação de Higiene e Desinfeção, ora dão acesso à Sala de Bem-estar.

As demais portas no Multihall o conectam a um lavabo alçado a um banheiro completo, onde, além de lavar as mãos em alternativa à pia na Estação de Higiene, moradores e visitantes podem tomar banho ao chegar em casa, se assim desejarem. O interessante deste banho posicionado logo à entrada da residência é sua versatilidade, pois além de apoiar o Multihall, ele também se conecta diretamente ao ‘Escridorme’, ou escritório / ‘home office’ que, desta forma, funciona alternativamente como uma agradável suíte, acessível via Multihall. Uma outra porta neste moderno vestíbulo permite acesso direto à Área de Serviço, onde a higiene mais pesada de objetos pode ser feita e para onde objetos que estavam antes em quarentena no hall podem ser direcionados, a fim de serem armazenados de forma ‘permanente’.

Uma arquitetura residencial pós-pan (parte 6 de 9)

 

UM PROTÓTIPO RESIDENCIAL PÓS-PANDEMIA

Em nossa proposta para uma evolução na arquitetura residencial pós-pandemia, estabelecemos três diretrizes principais para nortear futuros projetos. Relembrando o que já apresentamos aqui no Davilabs, estas diretrizes são: Saúde e Bem-estar; Higiene e Trabalho (em casa), sendo que nos últimos textos, exploramos um pouco mais a fundo cada uma destas premissas.

Nosso passo seguinte é ilustrar, de maneira mais prática, uma possível aplicação destas diretrizes. Para tanto, desenvolvemos um protótipo residencial – um apartamento – que inclui pelo menos três espaços compatíveis com estes conceitos. As diretrizes podem e devem se expandir para todos os cômodos da residência, mas foi por razões didáticas que nos concentramos em três ambientes, os quais denominamos ‘Multihall’, ‘Sala de Bem-estar’ e ‘Escridorme’.

Partimos de uma residência de classe média alta, com área de 130m² (incluindo a varanda) e cujo projeto original incluía três suítes. A ideia era não alterar a área interna do apartamento, que foi, portanto, mantida, a despeito de algumas alterações significativas de programa e layout. Para alcançar esta meta de não interferir na metragem do projeto original, assumimos algumas ‘ousadias’, como, por exemplo, a eliminação do quarto e banheiro de serviço, além de um deslocamento radical do posicionamento de uma das suítes na residência. Fizemos isto para provar (para nós mesmos) que a quebra de paradigmas na direção de uma inovação espacial resulta de uma visão criativa que envolve perspicácia.

Em se tratando de uma proposta conceitual, entendemos que ela possa inspirar soluções em outros segmentos, incluindo o de imóveis residenciais voltados para outros estratos de renda em nossa sociedade, ou mesmo em outras tipologias, como a comercial, institucional, etc.

TRÊS ESPAÇOS EXPERIMENTAIS

Multihall
Resgatando os antigos vestíbulos e sem necessariamente demandar uma área significativa, o Multihall foi assim batizado por suas múltiplas funções: é o espaço de chegada e saída da residência, agora ritualizado. Oferece estrutura para higiene pessoal, guarda e desinfecção básica de produtos, além de organizar o acesso independente a variados ambientes da residência: área social; área de serviço; escritório e banho (lavabo). Acima de tudo funcional, o Multihall – que integra a área privativa do apartamento – tem o importante aspecto simbólico de promover a transição entre o mundo exterior e o interior da habitação, uma zona de descompressão e segurança que, portanto, conecta dois mundos.

Sala de Bem-estar
Já foi o tempo em que a Sala de Estar era a ‘sala de visitas’. Mesmo que recentemente ganhando novas funções, relacionadas ao entretenimento, esta sala ainda mantinha uma certa arrogância, quem sabe, até ostentação. A tendência que imaginamos, no entanto, é que a sala se converta cada vez mais em um local realmente agradável de se permanecer e interagir socialmente com os demais moradores e, também com os visitantes, quando o contexto permitir. Por estas razões sugerimos uma pequena alteração na nomenclatura, rebatizando o espaço como ‘Sala de Bem-estar’. Este ambiente contemporâneo integra a cozinha às refeições cotidianas, voltando-se ao lazer e entretenimento eletrônico e à socialização. Tudo, é claro, com muito verde integrado, muita luz e ventilação.

Escridorme
Os tradicionais escritórios de outros tempos podem voltar com força total? A resposta é sim, a partir de uma releitura. O afastamento social forçado que vivenciamos levou ao deslocamento de uma significativa parte da população que trabalha em escritórios de empresas para o desenvolvimento de suas atividades em casa. Assim, espaços dedicados ao trabalho dentro da residência passaram a ter uma relevância muito maior.

Trabalhar e conviver com os demais moradores não é tarefa das mais fáceis, uma vez que as fronteiras nos espaços improvisados são muito tênues. Por isso propusemos o ‘Escridorme’. O nome alude à versatilidade e ao uso múltiplo que deve caracterizar todo espaço contemporâneo bem projetado. Então este nosso novo escritório, posicionado bem à entrada da residência, conecta-se diretamente ao Multihall, o que permite o acesso independente de visitantes comerciais e de colegas de trabalho, por exemplo. É ao mesmo tempo um espaço independente que pode ser integrado de forma física à sala, caso o morador deseje, mas que em nossa proposta, configura-se como um espaço dedicado, que oferece a devida tranquilidade e privacidade para o trabalho. Além disso, funciona também – e muito bem – como uma suíte avançada, muito adequada para adolescentes, jovens e moradores seniores. Conta, portanto, com um banho completo, que também se conecta ao Multihall, servindo de apoio na jornada de desinfecção à chegada da residência.

Em nossos próximos encontros no Davilabs, apresentaremos cada um destes novos espaços com imagens ilustrativas. Até lá!

Uma arquitetura residencial pós-pan (parte 5 de 9)

TRABALHANDO COM CONFORTO, ATÉ EM CASA

Chegamos à terceira premissa básica nesta sequência de publicações no Davilabs em que propomos uma estrutura conceitual para uma arquitetura residencial pós-pandemia. Hoje é a vez do “Home Office”.

Há muito o ‘work at home’ vem evoluindo, tornando-se uma opção importante não apenas para as empresas, mas também para seus colaboradores. Há atualmente uma discussão que preconiza que o trabalho físico, presencial, irá desaparecer por completo. É uma abordagem um tanto elitista com foco naqueles que trabalham em funções de escritório. Provavelmente, trata-se de uma visão exagerada e precipitada. É preciso distinguir que muitos passaram a trabalhar remotamente de casa por opção, enquanto outros o fizeram por pura pressão, ou necessidade. O futuro deverá nos trazer um meio termo: o trabalho físico presencial prosseguirá de alguma forma e o trabalho remoto também se desenvolverá bastante.

No que diz respeito à arquitetura residencial, é importante que ela esteja preparada para este tipo de demanda de trabalho em casa. Por esta razão, o projeto deve definir uma estrutura que viabilize o trabalho em casa, focando na produtividade, bem-estar e no profissionalismo do morador durante suas atividades.

Esta nossa diretriz para o “Trabalho em Casa” foca notadamente no espaço do ‘home office’, seja ele um espaço exclusivo para a atividade e separado do resto da residência, seja um espaço aberto e integrado para os demais ambientes. As ações que seguem esta diretriz no âmbito do projeto são:
– Definir um ou mais espaços específicos para o trabalho na residência, se possível independentes fisicamente dos demais setores da residência (como um escritório), porém com a facilidade de conexão ou separação, quando necessário;
– Garantir que o espaço para o trabalho possa oferecer a privacidade e concentração necessárias ao desempenho de atividades profissionais;
– Dotar o espaço de trabalho com os recursos indispensáveis para um bom desempenho: ventilação (de preferência natural); climatização (se indispensável);
– Iluminação (natural, preferencialmente, mas também artificial adequada ao trabalho noturno); mobiliário adequado; recursos de comunicação (rede; wi-fi de qualidade);
– Definir um espaço de trabalho flexível, que possa absorver usos diversos em horários diferentes (ex: escritório x dormitório x espaço de leitura e lazer);
– Posicionar o espaço de trabalho próximo ou diretamente conectado à entrada da residência, permitindo acesso independente (inclusive a visitantes profissionais).

Tendo apresentado esta terceira diretriz, encerramos esta seção de nossa proposta de arquitetura residencial pós-pandemia. Em nossas próximas publicações aqui no Davilabs, apresentaremos três espaços principais que imaginamos que poderão fazer parte das novas residências, a partir de um protótipo por nós desenvolvido. Até nosso próximo encontro!

Uma arquitetura residencial pós-pan (parte 4 de 9)

SEGURANÇA BIOLÓGICA PARA A FAMÍLIA

Na sequência de textos em que abordamos uma possível arquitetura residencial pós-pandemia, aqui no Davilabs, hoje apresentaremos a segunda das três premissas básicas que propomos: “Higiene”.

Não é ousadia dizer que os hábitos de higiene evoluem em ‘arrancos’. O mesmo acontece em relação à incorporação destes hábitos ao espaço doméstico através de ambientes e equipamentos que favoreçam a higiene. Epidemias e pandemias como a denominada Gripe Espanhola e, é claro, a pandemia atual, relacionada à Covid-19 nos forçam – ou convidam – a repensarmos a maneira como encaramos nossa higiene pessoal e de nossas residências.

Essencialmente, esta diretriz que versa sobre ‘Higiene’ visa estabelecer, através do projeto arquitetônico, recursos para que os moradores e visitantes possam realizar uma higiene pessoal adequada antes de acessarem a área íntima da residência, além da assepsia de objetos trazidos da rua.

Em termos práticos, as ações de projeto que a premissa ‘Higiene’ sugere são:
– Criar uma área de interface entre o mundo exterior e o interior da residência;
– Prover a área de interface com acessibilidade direta e independente à área social e à área de serviços da residência e, se possível, conectá-la diretamente a um espaço de atendimento a eventuais visitantes não íntimos, como um escritório;
– Dotar a área de interface com recursos para armazenagem de produtos trazidos da rua e de itens pessoais utilizados fora da residência, como casacos, sapatos e bolsas, que ali devem permanecer;
– Estabelecer na área de interface estrutura para higienização completa de mãos (lavagem; álcool; etc.) e, se possível, de todo o corpo (como um banho). Uma referência aproximada seria evoluir antigos conceitos como vestíbulo e toucador;
– Definir local adequado para a higienização das mãos antes das refeições.

Em nossa próxima publicação, apresentaremos a terceira e última premissa básica que imaginamos para a arquitetura residencial no ‘pós-pan’, que é o “Home  Office” e, na seguinte, iniciaremos a apresentação do protótipo de apartamento que desenvolvemos com base em todas estas premissas. Encontre-nos aqui, no Davilabs. Até lá!

Uma arquitetura residencial pós-pan (parte 3 de 9)

UMA VIDA COM MAIS QUALIDADE


Dando continuidade às nossas postagens aqui no Davilabs sobre uma possível arquitetura residencial pós-pandemia, enfocaremos hoje a primeira das três premissas básicas de nossa proposta: “Saúde e Bem-estar”.

Saúde e bem-estar seriam ‘a mesma coisa’? Podemos afirmar que sim, são concepções interrelacionadas, no entanto, os termos têm abrangências diferentes. O conceito de ‘saúde’ foca principalmente na relação entre o organismo e seu ambiente. Assim, a definição de ‘saudável’ envolve as condições que colocam este corpo em equilíbrio com seu ambiente, no sentido de sua viabilidade biológica. Por sua vez, ‘bem-estar’ tem a ver com a sensação e percepção sobre como nosso corpo e mente (e espírito) se sentem confortáveis, seguros e tranquilos, na proporção do atendimento de suas exigências, quiçá plenamente.

Eventualmente todos nos preocupamos não apenas com a nossa própria saúde e bem-estar, mas também com a de nossos amigos e visitantes e, é claro, de nossos familiares e entes queridos. Estas preocupações não são exclusivas ao contexto da pandemia. São vários os agentes que podem afetar nosso corpo e nossa mente negativamente, incluindo um ambiente residencial inadequado.

É neste sentido que esta diretriz demanda a definição de espaços que preservem e promovam a saúde e bem-estar, atendendo às dimensões mentais, espirituais, psicológicas e sociais dos moradores. Em outras palavras, o bem-estar está associado à saúde e vice-versa, no sentido em que são base para a estabilidade e crescimento do indivíduo humano e sua coletividade, em todas suas dimensões.

Traduzindo esta diretriz em atitudes práticas de projeto, entendemos que os novos desenhos de arquitetura residencial devem:
– Aproveitar melhor a gratuidade da natureza;
– Recorrer à luz natural ou mesmo à incidência solar direta, em contextos controlados;
– Valorizar Solários, Varandas, Terraços, Pátios, Quintais e Jardins;
– Privilegiar a ventilação natural, se possível cruzada (aberturas em lados opostos);
– Incrementar a presença do verde no entorno e dentro da residência: urban jungle;
– Valorizar espaços de socialização entre os residentes e membros da família;
– Dedicar espaços para o lazer e entretenimento;
– Definir espaços propícios ao descanso e meditação.

Para alcançarmos uma arquitetura residencial que favoreça a saúde e bem-estar das pessoas, é interessante que, se não todas, pelo menos algumas destas orientações sejam atendidas.

Em nossa próxima publicação, apresentaremos a segunda diretriz, dentre as que elegemos para os modelos residenciais pós-pandemia: a “Higiene”. Até lá!