Momento de iluminar nosso futuro

Neste momento em que nos aproximamos de um novo ano, é importante olharmos para frente e refletirmos sobre como será nosso futuro. Embora cercado de desafios recorrentes e dos ocasionais, não temos dúvidas de que o mercado de arquitetura e urbanismo no Brasil vislumbra uma sequência de oportunidades e inovações palpáveis.

No âmbito da arquitetura, por exemplo, uma tendência que podemos destacar é a crescente integração de tecnologias sustentáveis nos projetos. Mais do que um modismo, a adoção de materiais ‘eco-friendly’ e a incorporação de sistemas inteligentes para eficiência energética nos edifícios despontam como diferenciais. Estas práticas projetuais e construtivas alinham-se às demandas de uma sociedade cada vez mais consciente sobre a importância da responsabilidade ambiental.

No campo do urbanismo, a tendência aponta para uma abordagem mais holística na concepção de espaços urbanos. A ênfase está na criação de áreas multifuncionais, que combinam espaços residenciais, comerciais e de lazer, refletindo uma busca por comunidades mais integradas e autossustentáveis. Desde que cuidadosamente planejada, a promoção da mobilidade urbana sustentável, por meio de ciclovias e transporte público eficiente, surge como uma resposta à necessidade de cidades mais acessíveis e menos dependentes do transporte individual.
Se estas tendências apontam avanços, é importante reconhecer que não estão isentos de desafios. Uma rápida adaptação às mudanças tecnológicas e a busca por soluções urbanísticas que promovam a inclusão social demandam uma constante atualização e engajamento por parte dos profissionais do setor. A superação de barreiras regulatórias e culturais também se apresenta como um desafio relevante, enquanto requer uma abordagem colaborativa e inovadora.

Neste espírito de imaginar um amanhã melhor, iluminado pela inovação e renovação, agradecemos aos nossos companheiros de jornada pela colaboração, ao mesmo tempo desejando-lhes um Feliz Natal e um próspero ano novo. Que 2024 seja marcado por muita criatividade e competência técnica, ao mesmo tempo sendo pautado pela visão de um futuro mais sustentável, inclusivo e harmonioso.

Lazer nas alturas: Conheça a tendência do morar contemporâneo

Viver em um empreendimento moderno, com uma infraestrutura completa, sem dúvida, traz mais praticidade à rotina da família. Ter qualidade de vida é o que as pessoas buscam quando procuram um condomínio para viver. Além da praticidade e segurança que esse estilo de moradia oferece, o lazer é algo que enche os olhos e proporciona momentos divertidos e de descanso em família. Quando é possível desfrutar de uma área de lazer na cobertura do prédio, tudo fica ainda melhor.

O aproveitamento do topo dos edifícios para o lazer e descontração é uma prática que acontece há tempos em grandes cidades como Paris, Roma e Nova York. Bares e restaurantes instalados em terraços panorâmicos (‘rooftops’) definiram um estilo particular de fruição do espaço privado e público. Essa tendência internacional está sendo cada vez mais incorporada em edifícios no Brasil, inclusive residenciais. Isso porque morar bem tem virado sinônimo de bem-estar, conforto e funcionalidade. E é isso o que as coberturas de lazer proporcionam. Além de observar as paisagens da cidade nos terraços, ainda é possível relaxar na companhia de pessoas queridas.

Afonso Wallace, diretor da Dávila Arquitetura e Alberto Dávila, presidente e fundador do escritório Dávila Arquitetura, destacam que não é somente a piscina que pode ficar na parte mais alta do prédio. “Um ‘rooftop’ residencial, é ideal para promover festas, encontros e até mesmo reuniões gastronômicas com parentes e amigos, praticar esportes ou simplesmente ler um bom livro em um ambiente agradável. Essas são só algumas das tarefas potencializadas pela área de lazer na cobertura, que têm entre suas vantagens uma maior privacidade em relação a olhares da vizinhança”, frisam. 

Os arquitetos explicam que o uso das coberturas de edifícios para o uso coletivo dos condôminos e seus convidados conquistam cada vez mais adeptos. Além da vista panorâmica, uma das razões para o sucesso do aproveitamento da cobertura é também um melhor aproveitamento do terreno. “Esses empreendimentos tendem a se valorizar em função da verticalização das cidades. A área de lazer no topo visa perenizar a vista e de fato oferecer qualidade de vida aos moradores”, comentam. 

Vantagens das áreas de lazer na cobertura

• Possibilidade de ter mais opções de lazer: Por exemplo, se em um condomínio comum há espaço no térreo para fazer piscina, academia, salão de festas e churrasqueira, aproveitando a cobertura é possível inserir outras comodidades, como espaço fitness, coworking, entre outros e, assim, deixar o empreendimento muito mais completo e com opções de lazer para todos os gostos;
• Mais qualidade de vida: Não precisar sair para ir ao clube ou, até mesmo, para trabalhar por ter esse espaço no prédio é uma ótima maneira de economizar tempo e reduzir o estresse de pegar trânsito e demorar para chegar a qualquer lugar;
• Vista diferenciada: Poder poder malhar, descansar na piscina ou aproveitar o bar do condomínio com a vista do alto do seu prédio, com toda a cidade aos seus pés.
• Valorização do imóvel: Além dos pontos citados, outro benefício de investir em um apartamento com lazer na cobertura é a valorização do imóvel em longo prazo. Enquanto outros imóveis sofrem a valorização habitual, os condomínios que contam com lazer, especialmente na cobertura, que é um ótimo diferencial, tendem a ser ainda mais valorizados.

Car Wash: uma nova tendência nas garagens dos condomínios

Fazer a limpeza do carro é quase uma terapia para algumas pessoas, mas também pode ser motivo de discórdia entre os condôminos que não gostam que essa prática seja feita na garagem. Para solucionar essa questão, alguns empreendimentos imobiliários têm oferecido o “Car Wash” (também conhecido como “Clean Car”), um espaço especialmente projetado para essa função.

O “Car Wash” foi criado para facilitar o dia a dia dos moradores, além de praticidade e economia, tanto de tempo quanto de dinheiro. Além de trazer comodidade para quem gosta de manter o carro sempre limpo, pode oferecer momentos de relaxamento mental e até de exercício físico. “Com o passar dos anos, os lugares vão se adaptando e trazendo mais conforto aos residentes. Primeiro veio o lazer completo, depois  as academias, os espaços pet, e agora é a vez do car wash”, destaca Afonso Wallace, diretor da Dávila Arquitetura.

A administração do condomínio, na figura do síndico, em diálogo com os condôminos é quem decide como vai ser o funcionamento desse espaço, de acordo com as regras e normas internas. “Geralmente, é na assembleia geral com os moradores que é definido o horário permitido, a sistemática de agendamento do espaço, o uso e organização do ambiente e o controle individual de consumo de água. “A ideia é garantir que todos sejam beneficiados com essa facilidade”, frisa Alberto Dávila, presidente e fundador do escritório Dávila Arquitetura, que já projetou vários espaços como esse pelo Brasil.

Benefícios do Car Wash ou Clean Car para os condomínios

• Não há a necessidade de deslocamento;
• Segurança de ter o carro sendo lavado dentro do próprio condomínio;
• Economia de tempo, uma vez que não é necessário aguardar a finalização da limpeza;
• Possibilidade de lavar o carro no fim de semana, enquanto curte o lazer do condomínio;
• Pode ser terapêutico para a quebra da rotina e útil como exercício físico.

Se levar o carro para lava a jatos externos pode ser uma opção, nem sempre se encontra serviços de qualidade. “Se você não confia em deixar outras pessoas lavarem o seu veículo, por medo de arranhão na lataria, danos na parte interna ou até mesmo de alguém usar o seu carro sem autorização, a opção do Car Wash é excelente”, contam os sócios da Dávila.

Fonte: Afonso Wallace, diretor da Dávila Arquitetura e Alberto Dávila, presidente e fundador do escritório Dávila Arquitetura –  @davila.arq —

Imóvel à primeira vista?

Arquitetura tem papel fundamental para conquistar os clientes durante visita aos imóveis

A primeira impressão é a que fica? A máxima também vale para o mercado imobiliário? Uma recente pesquisa mostra que sim. Segundo dados obtidos pela Brain Inteligência Imobiliária sobre o mercado de luxo, 21% das pessoas visitam apenas um imóvel, antes de se decidirem pela compra. A pesquisa revela ainda que 60% dos compradores se decidem pela aquisição após visitar 3 imóveis ou menos, o que pode indicar a capacidade de encantamento que uma boa arquitetura exerce sobre as pessoas. Como então fisgar esse consumidor pronto para ser ‘encantado’ pelo imóvel de seus sonhos? Uma das principais estratégias é por meio de uma arquitetura surpreendente e cuidadosamente elaborada.

Com mais de 6 milhões de m² construídos e mais de 20 prêmios nacionais, a Dávila Arquitetura é especializada em projetos para o mercado imobiliário, incluindo edificações residenciais e corporativas para construtoras e investidores que buscam diferenciar seus empreendimentos através de um design externo inovador e um layout inteligente. A equipe de arquitetos da Dávila gosta de frisar que as inovações em arquitetura não se resumem às fachadas, nem tampouco a modismos nos espaços internos, mas se estendem a uma solução abrangente, que reúna ousadia, criatividade, personalidade e funcionalidade.

“Nestes mais de 33 anos de mercado, sempre incentivamos nossos clientes a investir em uma arquitetura marcante e singular. Atualmente, percebemos que muitos empreendedores já vêm ao nosso escritório em busca de projetos únicos e diferenciados. Está sendo muito interessante observar e, claro, suprir essa necessidade dos clientes, afinal, temos muita expertise nisso”, explica Afonso Walace, diretor da Dávila Arquitetura.

O Residencial Albert Scharlet, projetado pela Dávila Arquitetura, para a Construtora Caparaó, em Belo Horizonte/MG, há 5 anos, é um exemplo de edificação onde a arquitetura diferenciada foi decisiva para seu sucesso de vendas e, até hoje, arranca muitos elogios nas redes sociais sendo uma ótima propaganda espontânea para a construtora. “Neste projeto, nós propusemos um Intermezzo (uma área de lazer de uso coletivo à meia altura da torre) que oferece uma vista espetacular para todos os moradores, complementando além de uma a estrutura de lazer disponível no pilotis. Temos visto outros projetos com terraços intermediários, embora especialmente de uso privativo, de maneira que o Intermezzo, oferecido no Albert Scharlet, ainda se destaca no mercado mineiro da construção civil”, comenta Afonso.

Já no High Design, projeto criado recentemente pelo escritório de arquitetura para a Ecap Engenharia, em Brasília/DF, o desejo de se criar algo único também conduziu o desenvolvimento arquitetônico. “A intenção da arquitetura do edifício era que ela expressasse características eminentemente residenciais. Para isso, trabalhamos com linhas horizontais e os 36 apartamentos tipo são generosamente ventilados e naturalmente iluminados, sendo que todos possuem generosas varandas com lambris e uma bela vegetação”, explica o arquiteto e diretor da Dávila.

Segundo Afonso Walace, quando o projeto de arquitetura do edifício é diferenciado consegue-se obter algo que se torna cada vez mais disputado: a atenção dos clientes. “No mundo contemporâneo, inundado de alternativas e possibilidades, a torrente de informações deixa os consumidores confusos. Por isso, a aposta na arquitetura continua sendo um dos melhores caminhos para conquistar e fidelizar o cliente desde o primeiro contato”.

O Certificado é apenas a ‘ponta de um iceberg’

A Dávila Arquitetura comemora 19 anos de Certificação ISO 9001. Após auditoria do Bureau Veritas em agosto, nosso certificado foi mais uma vez confirmado. Este resultado somente foi possível graças ao talento e ao empenho de seus colaboradores, em especial da equipe responsável pela manutenção e evolução do Sistema de Gestão da Qualidade. Um agradecimento extra cabe aos nossos clientes e parceiros, que ao longo de todos estes anos têm participado com suas críticas para nosso aprimoramento.

Um Sistema de Gestão da Qualidade como o que a Dávila mantém desde 2001 (sendo que a certificação ocorreu em 2002), tem como propósito principal a satisfação dos clientes de uma organização. A ideia é que, enquanto garantimos que uma determinada qualidade combinada para nossos serviços seja alcançada, nosso cliente, satisfeito, repetirá a parceria e nos recomendará a outros.

Segundo um relatório de 2016 da UNIDO (United Nations Industrial Development Organization) em relação ao contexto da certificação ISO 9001 no Brasil, o país tinha naquele momento 9.500 certificados válidos. Deste total, apenas 28% correspondiam a certificados mantidos por 10 anos ou mais. Isto indica que não é qualquer empresa ou organização que se dispõe a implementar – e manter – por anos a fio, um sistema normatizado, voltado à satisfação do cliente. De fato, não é uma tarefa fácil.
E qual seria a motivação das organizações em obter uma certificação que demanda expressivos investimentos e um esforço adicional em relação às atividades do cotidiano? Este mesmo relatório da UNIDO indica que boa parte das empresas o faz buscando a melhoria. Ou seja, as organizações acreditam que os padrões da ISO 9001 colaboram para a construção de uma empresa melhor, mais bem estruturada, com processos funcionais e bem definidos, sempre almejando cumprir e ultrapassar os compromissos com seus clientes. É precisamente por estes motivos que há tanto tempo a Dávila Arquitetura se esforça para manter sua certificação. E o certificado representa apenas a ‘ponta do iceberg’ de uma grande mobilização.

Nosso intuito é melhorar a cada dia, inovando, experimentando, consolidando aquilo que temos de bom e corrigindo aquilo em que não somos tão bons assim. Com base em nossa experiência, afirmamos que vale a pena nos juntarmos a este esforço para promover uma evolução na gestão no Brasil. Os benefícios são percebidos não apenas pelas empresas e seus clientes, mas por toda a sociedade.

NBR 15.575: Benefícios ao construtor e consumidor

Entenda como as regras estabelecidas pela Norma de Desempenho NBR 15.575 são indispensáveis para quem deseja valorizar seu empreendimento e garantir segurança, acessibilidade, produtividade, sustentabilidade e conforto – do projeto ao uso da propriedade

Certamente, você já viu algum caso de habitação que não atende às necessidades dos moradores, assim como usuários de imóveis que não utilizam corretamente a edificação e não fazem a manutenção corretamente. Para evitar esses e outros problemas, existe a Norma de Desempenho NBR 15.575 que, desde 2013, serve de parâmetro para os profissionais da Construção Civil.

Segundo o arquiteto Alberto Dávila, presidente e fundador do escritório Dávila Arquitetura, a Norma de Desempenho é um conjunto de critérios, requisitos e métodos de avaliação do comportamento em uso dos sistemas que compõem as edificações habitacionais, a fim de atender às exigências dos usuários nas áreas de segurança, habitabilidade e sustentabilidade. “É uma norma que atende às necessidades daqueles que irão viver na edificação, do consumidor final. Por isso está ligada à melhoria da qualidade da habitação”, reforça Alberto.

A Norma de Desempenho tem como principal objetivo assegurar que as obras residenciais tenham critérios de atributos e segurança, estabelecendo um nível mínimo de desempenho para a edificação ao longo da sua vida útil. “Ela é importante, pois se trata de um documento pelo qual os consumidores poderão cobrar por um nível de qualidade mais elevado. No entanto, vale lembrar que é uma via de mão dupla: tanto os profissionais da Construção Civil quanto os moradores são responsáveis por executar as manutenções preventivas e corretivas que constam no Manual do Proprietário”, explana o arquiteto.

Dávila explica que a aplicação da Norma de Desempenho começa no momento do projeto. Primeiro é feito um levantamento das condições do terreno e do entorno para identificar os riscos previsíveis e como será a especificação a ser adotada na edificação, só então essas informações são passadas ao projetista que dará prosseguimento à concepção da obra, adotando os requisitos estabelecidos. “Nele deverá conter o método construtivo, o cronograma de obras e o memorial descritivo com as diretrizes dos materiais e a Vida Útil dos Projetos de cada sistema que compõe o empreendimento. Além disso, os fabricantes deverão indicar a validade dos produtos e fornecer laudos de desempenho dos mesmos”.

Durante a execução, é importante realizar um registro das atividades seguindo o cronograma de planejamento, acompanhando assim a evolução da obra para que qualquer erro ou falha técnica seja evitado ou corrigido com antecedência. “É essencial que os produtos utilizados sejam de qualidade, que atendam as normas específicas de cada material, tenham certificado de vida útil ou garantia e que sejam executados conforme as instruções do fabricante para que sejam alcançados o desempenho e as funções dos mesmos”, ressalta Dávila.

Além disso, é muito importante seguir a Norma de Desempenho, pois ela traz um grau de melhoria durante a obra, nos processos e produtos, fazendo com que as tarefas sejam executadas com segurança, de modo eficiente, minimizando o retrabalho em todas suas fases e, até mesmo, após a entrega das unidades. “A principal vantagem é a possibilidade de identificar facilmente a origem e o responsável por um problema através de um mecanismo de rastreabilidade, em casos de falhas de materiais ou estruturas”, afirma o arquiteto.

Cumprir os requisitos da NBR 15.575, conforme elucidou Dávila, é de suma importância para que as construtoras demonstrem ética e comprovem, até mesmo judicialmente, a utilização correta de todos os recursos, ficando isentos de responsabilidades tanto civil como criminal. “Quando a Norma não é seguida, poderão ocorrer erros e demora na correção dos mesmos e dificuldade em encontrar os responsáveis. As consequências podem variar de desperdício de materiais, utilização de maneira incorreta, falta de segurança, conforto e qualidade da moradia”, aponta Alberto.

O arquiteto diz ainda que qualquer pessoa pode exigir e fiscalizar se uma obra está adequada às exigências através de uma perícia técnica que investiga se existem problemas na construção. Uma ferramenta que pode ajudar na hora da vistoria é o Manual de Uso, Operação e Manutenção (também chamado de Manuais do Proprietário e do Síndico), documento que contém informações de infraestrutura, localização, assistência técnica, garantias, relação de fornecedores com respectivos materiais utilizados. “Além das informações, o Manual reúne todos os dados sobre as manutenções corretivas e preventivas que deverão ser executadas pelo dono do imóvel, fazendo com que se cumpram algumas exigências de desempenho e vida útil descritas na Norma”, conclui Dávila.

Se você enxerga longe, a oportunidade aparece para você.

Até se encontrar na arquitetura, ela já foi atleta de natação e trabalhou na organização de eventos, dentre outras atividades. Na Dávila há 15 anos, Camila Batista é uma das profissionais mais experientes do escritório. Hoje, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, a arquiteta compartilha algumas de suas experiências, posicionamentos e ideias, em especial quanto ao papel feminino no segmento.

Para você, como aconteceu ser mulher e optar pela arquitetura? Existe alguma correlação?
Acho que quando fiz essa escolha, o entendimento talvez não tenha sido racional, mas a arquitetura tem um glamour, que não é necessariamente feminino, mas pode ser. Eu nunca fui aquela pessoa do tipo ‘nasci para ser arquiteta’, que ficava desenhando. Não era uma pessoa que já sabia o que queria fazer, mas eu gostava da mistura de humanas e exatas. Sempre fui uma pessoa da comunicação, sempre ‘falei’ muito. E o ‘arquitetar’, essa palavra, sempre foi marcante para mim. Querendo ou não, eu assumo esse papel em todas as instâncias da minha vida: em minha casa, enquanto mulher, enquanto mãe e, é claro, também em meu trabalho, no qual sempre acabo me envolvendo com coordenação. De alguma forma, a dimensão feminina deste glamour que envolve a arquitetura tem a ver com a maternidade. A condição de ser mãe tem muito a ver com o termo, com a ação de ‘arquitetar’. Na minha visão, talvez seja por aí, pelo significado, que exista uma conexão especial entre a mulher e a arquitetura.

 

Em que medida a arquitetura se conecta com a maternidade e com outras vivências?
Acho que tem vários aspectos. A relação entre a arquitetura e a maternidade tem a ver com o cuidar, com o planejar, dar um norte, dar a condição de acontecer. É como se a arquitetura e a maternidade fossem ‘lugares’ que abrigam, juntam as coisas e dão a direção. Então acho que de todas as funções envolvidas na construção, a arquitetura é a que mais sintoniza com esse papel de diálogo entre as partes, de oferecer a direção. Eu sempre me vi muito neste papel de buscar o entendimento das e entre as coisas, do que em atividades específicas. Naturalmente eu procurei e fui me voltando aos caminhos relacionados a equipes, coordenação, a trabalhar com outras pessoas. Antes da arquitetura, eu atuei por um tempo com cerimonial de festas. Acho que foi a minha primeira experiência com compatibilização de pessoas, ideias, especialidades. Vejo muita similaridade entre as atividades de compatibilização na organização de festas e em projetos de arquitetura e urbanismo. Em relação às festas, era importante ter muita organização, verificar os insumos, controlar fornecedores, e por aí vai. Como exemplo, quando conduzi um pequeno escritório de arquitetura, no início da carreira, eu aproveitei a minha vivência no cerimonial no desenvolvimento de projetos. O recurso a checklists para a verificação de erros e falhas foi um dos exemplos de hábitos que trouxe da experiência anterior. Então consigo visualizar conexões entre as coisas, entre áreas, temas e experiências diferentes. Por isso penso que ainda que eu pudesse ter optado por outros caminhos profissionais, fiz uma excelente escolha. A arquitetura é o mais legal. Para mim, é um assunto fascinante.

 

No segmento da arquitetura, mais do que os homens, você vê que a mulher tem esse papel, esse lugar para a conciliação, voltado a compatibilizar e congregar?
Acho que quando assuntos mais delicados estão em pauta, é comum a mulher conseguir se aproximar, abordar a questão sem que seja percebido como uma intervenção agressiva pelas outras partes. Mas também acho que se trata mais de uma estratégia, que é claro, depende muito do contexto, dos interlocutores. No fundo, tem mais ver com o perfil da pessoa do que o fato de ser homem ou mulher. Dependendo do contexto de negociação, pode ajudar que seja feito por uma mulher, mas é uma ‘faca de dois gumes’. Muitas vezes, sentimos que nossas intervenções são relativizadas ou até desconsideradas por terem partido de uma mulher. Em alguns contextos, há vezes em que me sinto mais confortável sendo acompanhada por um profissional do sexo masculino que me apresente, que prepare o terreno. Não é muito fácil sermos ouvidas logo de início. Depois, eu assumo e sigo sozinha, eu me garanto. Ainda assim, no que diz respeito à esfera das decisões empresariais, é um ambiente, digamos, 90% masculino. Isto parece estar mudando cada vez mais, com a chegada de novas gerações ao mercado, com um aumento na receptividade a profissionais de qualquer sexo. Por enquanto, precisamos atuar ‘supermulheres’ para realmente sermos ouvidas e entendidas. Isto inclui usar estratégias para alcançarmos o respeito profissional. Uma das técnicas que costumo utilizar para a argumentação é recorrer ao desenho como forma de expressar ideias. O desenho parece criar um ‘campo neutro’, facilitando a dissociação da discussão técnica de qualquer questão de gênero.

Como você vê a atuação das mulheres na concepção da arquitetura predial, incluindo a produzida para o mercado imobiliário?
Vejo que as mulheres, em termos numéricos, ocupam menos espaço no que diz respeito à concepção, ao design de projetos prediais, atuando mais fortemente em outros papéis, ou concebendo projetos de menor escala. A Dávila é um escritório onde atuam muitas e muitas mulheres. Mas aqui mesmo, os Masters, os criadores dos projetos em geral são homens, embora eu não esteja dizendo que não haja esse lugar para nós no escritório. Também não entendo que não haja potencial, é, simplesmente, um lugar que nós não ocupamos. Não observo muitas mulheres querendo ou se movimentando para ocupar este espaço. Pode ser uma questão geracional, ou cultural. Em relação a este último aspecto, pode ser que a mulher tenha mais dificuldade em dividir, de forma mais estanque, família e trabalho. Sem querer generalizar, as mulheres têm mais dificuldade nesta separação, a partir de suas responsabilidades em relação à casa e aos filhos, e isto pode dificultar seu envolvimento na liderança do design. Eu pessoalmente nunca procurei esse lugar, mesmo porque acho que o que eu faço melhor está em outro segmento. Ao mesmo tempo, por não ter procurado, penso que posso ter perdido a oportunidade de, justamente, me desenvolver neste sentido. O fato é que não temos muitas mulheres liderando a concepção criativa de projetos, isto no mundo como um todo.

 

Uma arquiteta que você admira?
Para citar uma pessoa apenas, a Arquiteta Ana de Paula Fonseca, nossa colega aqui da Dávila. Admiro demais a Ana, porque ela ‘chega chegando’ em qualquer contexto necessário. Ela participa de reuniões e interage com qualquer profissional do meio com uma liderança e autoridade que nos orgulha como mulheres. A questão de representatividade feminina, inclusive em empresas, órgãos de classe ou colegiados, como faz a Ana de Paula, é importante para que o mercado e a sociedade se ‘acostumem’ com a presença e o valor da atuação das mulheres.

 

Com o desenvolvimento tecnológico, inclusive de máquinas, equipamentos e ferramentas, você acredita que a mulher possa ocupar um maior espaço, inclusive na gestão de empresas e instituições do setor da construção civil, muitas vezes associado a um trabalho ‘pesado’, relacionado à ‘força bruta’?
Talvez, mas não obrigatoriamente. Vejo que na construção civil são poucas as atividades que realmente demandem uma ‘força bruta’. É mais uma convenção cultural de que tais e tais atividades são para os homens enquanto outras, são para as mulheres. Creio que a tecnologia possa abrir espaço para a atuação feminina, em algum nível dando a elas o acesso a muitas atividades que antes eram exclusivas do gênero masculino. Ou seja, pode ser que em especial as tecnologias de comunicação e dados, deem mais visibilidade às mulheres e seus talentos e capacidades. Assim, os bons resultados alcançados por muitas mulheres podem ser evidenciados e, do ponto de vista das empresas, interessa pouco ou nada a origem dos resultados, desde que os objetivos sejam alcançados. Por outro lado, acho que o movimento de entendimento sobre o papel da mulher no mercado deve andar junto com o investimento em tecnologia, para poder embasar o atingimento dos resultados, para que eles possam realmente acontecer. A transformação não é só uma questão de veículo, mas envolve a transformação da sociedade e da própria mulher, que deve buscar, entender e se movimentar para ocupar os lugares que podem ocupar, de uma forma natural.

 

A partir da sua experiência, que recado você daria para uma garota que está iniciando no mercado profissional, inclusive o da arquitetura?
Eu citaria duas ideias que servem para as meninas, mas também os meninos, que têm a ver com ‘oportunidade’. São coisas que aprendi há muito tempo, mas que me norteiam até hoje. Uma das frases eu ouvi do meu técnico de natação, quando eu era adolescente: “A oportunidade só aparece para quem está preparado”. Muitas vezes não sabemos, não temos certeza sobre exatamente qual caminho seguir, porque são muitas as variáveis, mas sentimos que podemos nos preparar. Trata-se de um incentivo, muito sensato, para que nos preparemos, nos capacitemos, de maneira a estarmos prontos para quando as oportunidades aparecerem. E as oportunidades sempre aparecem. Outra ideia aprendi com uma professora da faculdade que dizia que “A gente só vê o que a gente sabe”. Antes de cursar Arquitetura, eu andava pela cidade e, obviamente, eu via a cidade. Hoje, a partir do meu aprendizado, o que vejo são outras questões, muito mais profundas. Por trás da recomendação de minha professora, está a busca pelo conhecimento, pelo saber: se você enxerga longe, a oportunidade aparece para você.

Uma arquitetura residencial pós-pan (parte 8 de 9)

Estar em casa: acima de tudo, um prazer.

Nesta sequência de publicações no Davilabs em que exploramos conceitos para as residências a partir do aprendizado com a pandemia, o segundo espaço que propomos experimentalmente é a ‘Sala de Bem-estar’. Se este ambiente atende pelo menos uma das premissas que apresentamos inicialmente, a da ‘Saúde e Bem-Estar’, a depender do estilo de vida dos moradores, também pode contemplar a premissa do ‘Trabalho (em casa)’.

O conceito de bem-estar já vinha sendo desenvolvido de maneira mais enfática em espaços corporativos e agora ganha força na esfera residencial. Sem deixar de lado a beleza e o impacto visual, prescinde-se aqui da ostentação em benefício do real conforto daqueles que utilizarão a sala constantemente, ou seja, os próprios moradores. Assim, a antiga Sala de Estar passa a ser denominada ‘Sala de Bem-estar’.

Voltado ao entretenimento e a uma permanência agradável aos moradores, este espaço social não depende das visitas para se justificar. Pelo contrário, é utilizado intensamente pelos moradores em seu cotidiano e é palco para as principais interações humanas e familiares. Isto inclui o lazer e o entretenimento, ou mesmo o puro ócio, além das refeições, uma vez que o ambiente se integra diretamente à sala de jantar e copa. O trabalho em casa também é possível na ‘Sala de Bem-estar’, para as pessoas que se sentem mais produtivas quando recebem estímulos simultâneos e variados e que se sentem mais confortáveis em espaços mais amplos.

A opção é por ambientes abertos, fluidos e integrados. No entanto, segundo a opção do morador e recorrendo a soluções da arquitetura de interiores, é possível definir espaços um pouco mais reservados, marcando de forma mais intensa os usos diferenciados (estar; lazer; entretenimento; socialização; alimentação; contemplação do verde; trabalho em casa; etc).

Um dos pontos essenciais para a promoção de uma permanência agradável em casa é a farta iluminação e ventilação naturais, além do recurso ao ‘verde’. Por isso, a Sala de Bem-Estar conecta-se intensamente à varanda. A partir dali, do ambiente ‘externo’, as plantas avançam para o espaço interno da residência e a ocupam. Este movimento de radicalização do verde no interior das habitações é denominado urban jungle. Seu propósito é humanizar e ‘acalmar’ os residentes, além de promover sua saúde física e mental. Uma boa pedida para alcançar este objetivo é pensar na instalação das plantas em camadas: verticais, horizontais, dentro e fora e em múltiplos planos, de maneira que a presença do verde entre os ambientes se torna mais intensa, natural e fluida.

Em nosso próximo e último texto no Davilabs sobre nossa proposta para residências ‘pós-pan’, apresentaremos de forma mais detalhada o ‘Escridorme’, um misto de escritório e dormitório. Até lá!

Um ser pulsante, vivo e independente

Celebrando o aniversário de 32 anos da Dávila, lançamos nosso novo website. Para comemorar o momento, convidamos alguns de nossos colaboradores a se expressarem sobre esta data tão marcante em nossa trajetória. A palavra está com o Arquiteto Alberto Dávila, um dos fundadores da empresa:

Feliz aniversário, querida Dávila! É um deleite poder dar parabéns para algo que se tornou maior que nós. Estávamos lá, logo no início, quando tudo não passava de uma ideia, de uma possibilidade. Com o tempo, o rebento cresceu. Ganhou corpo, ganhou vida e força, tornou-se uma entidade. Olho para a Dávila e enxergo um ser pulsante, vivo e independente.

O sentimento, que não dá para esconder, é de grande felicidade.

 

Afinal, são 32 anos envolvidos com muita alegria e paixão no feitio de um trabalho prazeroso. Vejo que esta moça, ainda jovem, mas já tão madura, é um somatório de almas. Tem vida própria, adquirida de cada mente talentosa que lhe soprou inspirações.

Aliás, foram mais de 500 talentos que passaram por aqui ao longo dos anos. O convívio com todas elas, mesmo que envolvendo naturais dificuldades, foi sempre enriquecedor. Em momentos como este, comemorando datas, somos sempre um pouco nostálgicos, mas nossa maior nostalgia é pelo futuro, se me permite a licença poética.

Em meio à comemoração, posicionamo-nos no tempo e no espaço, no momento. Sabemos que vivemos tempos de balanço, de avaliação, de entendimento. Tempos desafiadores de recriação. Neste “novo planeta” que surge, nascido do sacrifício, da persistência e da esperança continuaremos firmes, buscando a luz que nos guia para tempos de mudança!

Abraços,
Alberto Dávila, Arq.